Em Cabul, mulheres protestam contra suposta interferência do Paquistão na política afegã; Talibã dispersa manifestação com tiros para o alto

Secretário de Estado dos EUA diz que Talibã prometeu permitir saída dos afegãos; ONU afirma que serviços básicos estão entrando em colapso Mulheres afegãs protestam perto da embaixada do Paquistão em Cabul, em 7 de setembro de 2021 Hoshang Hashimi / AFP Quase 70 pessoas, a maioria mulheres, protestaram diante da embaixada do Paquistão em Cabul, a capital do Afeganistão, nesta terça-feira (7). Elas levavam cartazes e frases contrárias ao país vizinho —há uma ideia de que o Paquistão é próximo ao Talibã e influencia a política afegã. Os combatentes do Talibã atiraram para o alto para dispersar de pessoas que protestavam. Mulheres afegãs em protesto em Cabul, em 7 de setembro de 2021 Hoshang Hashimi / AFP O diretor do serviço de inteligência paquistanês, Faiz Hameed, visitou Cabul no fim de semana. Oficialmente, ele foi se encontrar com o embaixador de seu país, mas provavelmente também se reuniu com líderes do movimento Talibã. Mais de três semanas depois da conquista da capital Cabul, em 15 de agosto, as novas autoridades do Afeganistão ainda trabalham na formação de um governo, que prometem será mais inclusivo que em seu regime anterior. Mas diante do temor do retorno do regime rigoroso imposto entre 1996 e 2001, pequenos grupos de afegãos, quase sempre mulheres, protestaram em cidades como Cabul, Herat e Mazar-i-Sharif. Uma das manifestantes, procedente da província de Kapisa, perto do vale de Panjshir, afirmou que as mulheres afegãs querem que seu país seja livre e que elas estão cansadas “de que o Paquistão bombardeie Panjshir ", declarou à AFP O último reduto de resistência ao novo poder afegão se refugiou no vale de Panjshir que, segundo o Talibã, caiu na segunda-feira também sob seu poder. Alguns líderes da dissidência negaram e convocaram a intensificação da resistência. Talibã diz que vai permitir que afegãos saiam do país Membros do Talibã perto de Cabul, em 6 de setembro de 2021 Aamir Qureshi/AFP O Talibã prometeu novamente ao governo dos Estados Unidos que permitirá a saída do país dos afegãos que assim desejarem, afirmou nesta terça-feira (7) o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que visita o Catar. ONU alerta para colapso no sistema de saúde do Afeganistão Líderes do movimento islamita afirmaram que "permitirão que as pessoas com os documentos de viagem partam de maneira livre", disse Blinken em uma entrevista coletiva. O governo do presidente Joe Biden é pressionado por informações, algumas delas confusas, sobre pessoas com passaporte americano que estão bloqueadas no aeroporto de Mazar-i-Sharif, norte do Afeganistão, segundo uma ONG americana. "A comunidade internacional espera que o Talibã respeite este compromisso de permitir a saída das pessoas", disse Blinken. O Catar reafirmou que o aeroporto de Cabul, fechado desde que os últimos soldados americanos saíram do país no fim de agosto, reabrirá em breve, mas não anunciou uma data concreta. Esta é a primeira viagem à região de funcionários de alto escalão do governo americano desde que o Talibã assumiu o poder em 15 de agosto e após a retirada total das tropas estrangeiras. Na segunda-feira, os talibãs anunciaram que controlam todo o país e que acabaram com o foco de resistência no vale de Panjshir. Talibã declara ter conquistado último foco de resistência no Afeganistão Até o momento, os talibãs não anunciaram um novo governo. Analistas consideram que a chegada ao poder dos islamitas aconteceu de maneira tão rápida que surpreendeu inclusive o movimento, que não estava preparado para as etapas posteriores. País em colapso O Afeganistão enfrenta o colapso de serviços básicos e há risco de que a ajuda com comida acabe, segundo o escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) para coordenação de assuntos humanitários nesta terça-feira (7). Jens Laerke, o porta-voz do escritório, afirmou que milhões de afegãos precisam de ajuda para poder comer e ter assistência médica. Ele pede aos doadores que aumentem suas contribuições. Haverá uma conferência sobre o Afeganistão no dia 13 de setembro. A agência publicou um pedido para arrecadar cerca de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3.1 bilhões) até o fim do ano (há possibilidade de seca e fome). “Serviços básicos no Afeganistão estão entrando em colapso, e a comida e ajuda com outros itens para salvar vidas estão acabando. Pedimos que os doadores internacionais deem apoio a esse pedido de uma forma rápida e generosa”, disse ele. Mais de 500 mil pessoas tiveram que deixar suas casas no Afeganistão desde que o Talibã retomou o controle do país. O grupo dominou a capital, Cabul, em 15 de agosto. Veja os vídeos mais assistidos do G1

Em Cabul, mulheres protestam contra suposta interferência do Paquistão na política afegã; Talibã dispersa manifestação com tiros para o alto

Secretário de Estado dos EUA diz que Talibã prometeu permitir saída dos afegãos; ONU afirma que serviços básicos estão entrando em colapso Mulheres afegãs protestam perto da embaixada do Paquistão em Cabul, em 7 de setembro de 2021 Hoshang Hashimi / AFP Quase 70 pessoas, a maioria mulheres, protestaram diante da embaixada do Paquistão em Cabul, a capital do Afeganistão, nesta terça-feira (7). Elas levavam cartazes e frases contrárias ao país vizinho —há uma ideia de que o Paquistão é próximo ao Talibã e influencia a política afegã. Os combatentes do Talibã atiraram para o alto para dispersar de pessoas que protestavam. Mulheres afegãs em protesto em Cabul, em 7 de setembro de 2021 Hoshang Hashimi / AFP O diretor do serviço de inteligência paquistanês, Faiz Hameed, visitou Cabul no fim de semana. Oficialmente, ele foi se encontrar com o embaixador de seu país, mas provavelmente também se reuniu com líderes do movimento Talibã. Mais de três semanas depois da conquista da capital Cabul, em 15 de agosto, as novas autoridades do Afeganistão ainda trabalham na formação de um governo, que prometem será mais inclusivo que em seu regime anterior. Mas diante do temor do retorno do regime rigoroso imposto entre 1996 e 2001, pequenos grupos de afegãos, quase sempre mulheres, protestaram em cidades como Cabul, Herat e Mazar-i-Sharif. Uma das manifestantes, procedente da província de Kapisa, perto do vale de Panjshir, afirmou que as mulheres afegãs querem que seu país seja livre e que elas estão cansadas “de que o Paquistão bombardeie Panjshir ", declarou à AFP O último reduto de resistência ao novo poder afegão se refugiou no vale de Panjshir que, segundo o Talibã, caiu na segunda-feira também sob seu poder. Alguns líderes da dissidência negaram e convocaram a intensificação da resistência. Talibã diz que vai permitir que afegãos saiam do país Membros do Talibã perto de Cabul, em 6 de setembro de 2021 Aamir Qureshi/AFP O Talibã prometeu novamente ao governo dos Estados Unidos que permitirá a saída do país dos afegãos que assim desejarem, afirmou nesta terça-feira (7) o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que visita o Catar. ONU alerta para colapso no sistema de saúde do Afeganistão Líderes do movimento islamita afirmaram que "permitirão que as pessoas com os documentos de viagem partam de maneira livre", disse Blinken em uma entrevista coletiva. O governo do presidente Joe Biden é pressionado por informações, algumas delas confusas, sobre pessoas com passaporte americano que estão bloqueadas no aeroporto de Mazar-i-Sharif, norte do Afeganistão, segundo uma ONG americana. "A comunidade internacional espera que o Talibã respeite este compromisso de permitir a saída das pessoas", disse Blinken. O Catar reafirmou que o aeroporto de Cabul, fechado desde que os últimos soldados americanos saíram do país no fim de agosto, reabrirá em breve, mas não anunciou uma data concreta. Esta é a primeira viagem à região de funcionários de alto escalão do governo americano desde que o Talibã assumiu o poder em 15 de agosto e após a retirada total das tropas estrangeiras. Na segunda-feira, os talibãs anunciaram que controlam todo o país e que acabaram com o foco de resistência no vale de Panjshir. Talibã declara ter conquistado último foco de resistência no Afeganistão Até o momento, os talibãs não anunciaram um novo governo. Analistas consideram que a chegada ao poder dos islamitas aconteceu de maneira tão rápida que surpreendeu inclusive o movimento, que não estava preparado para as etapas posteriores. País em colapso O Afeganistão enfrenta o colapso de serviços básicos e há risco de que a ajuda com comida acabe, segundo o escritório da Organização das Nações Unidas (ONU) para coordenação de assuntos humanitários nesta terça-feira (7). Jens Laerke, o porta-voz do escritório, afirmou que milhões de afegãos precisam de ajuda para poder comer e ter assistência médica. Ele pede aos doadores que aumentem suas contribuições. Haverá uma conferência sobre o Afeganistão no dia 13 de setembro. A agência publicou um pedido para arrecadar cerca de US$ 600 milhões (cerca de R$ 3.1 bilhões) até o fim do ano (há possibilidade de seca e fome). “Serviços básicos no Afeganistão estão entrando em colapso, e a comida e ajuda com outros itens para salvar vidas estão acabando. Pedimos que os doadores internacionais deem apoio a esse pedido de uma forma rápida e generosa”, disse ele. Mais de 500 mil pessoas tiveram que deixar suas casas no Afeganistão desde que o Talibã retomou o controle do país. O grupo dominou a capital, Cabul, em 15 de agosto. Veja os vídeos mais assistidos do G1